O sono rasga-se num parto por acontecer. 
O grito transforma a noite 
Perdoa-me, mãe, por te arrastar comigo!
Amarro o silêncio 
cavalgo nos ecos de um submundo disforme, demente...
...Sim, mãe, eu sei, estou DOENTE!... 
A mente é algo tão forte! 
Os enredos, os labirintos, 
a rede e a parede...
Preciso de ajuda! 
Vem a vozinha: 
"_Psiu! 
Caluda!!!!"
E enraivecida 
"_Ninguém resolve a tua vida!! 
Menina crescida jamais estende a mão!!... "
Solta-se a gargalhada: 
_Claro que não, palhaço louco 
seguro no faz de conta elevado ao limite...!
Esmago-me no muro das incertezas, 
certezas raiadas de sangue, esgares da morte.
"_Forte... Sempre foste forte! 
Levanta-te e segue! 
Levanta-te e vai 
…ou então, 
simplesmente cai!"
!! Ironia !!
Mãe! Pai! Quem diria?
Chego aqui, vazia, incompleta!
Desvanece-se a meta e o horizonte.
Fico defronte ao quadro bizarro
... e a vida segue...
Qual é o ponto onde agarro
a seiva de mim?
Onde encontro
aquela parte que me escapa e me repele?
A que idade morre o sonho
e a minha loucura?
A noite é escura, o sol morreu!
Olho-me na pele de alguém distante
de alguém diferente...
O grito rasga-me o sonho
Perdoa-me, mãe!
O parto não aconteceu. 
Filó (2008)
2 comentários:
Amiga, este teu poema, doi. É muito profundo.Não sei que dizer.(Se quiseres nem publiques isto).
..............................................................Mas é algo que me deixou assim em sobressalto...................Enfim...não sei explicar-me. Só que é mesmo profundo demais.Zézinha Coelho. Bjos.
Este pode-se dizer que é daqueles que vêm não sei de onde e simplesmente acontecem!
Possivelmente daqueles que vistos de fora podem ter significados diferentes, ou varias interpretações...
... ou nenhuma!
É um pouco daquele meu lado a que chamo "abstracto" onde as palavras por serem de mais se transformam nisto!
Nada de sobressaltos! ;)
Jokinhas
Filó
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