05/07/09

Perdoa-me!

O sono rasga-se num parto por acontecer.
O grito transforma a noite
Perdoa-me, mãe, por te arrastar comigo!

Amarro o silêncio
cavalgo nos ecos de um submundo disforme, demente...

...Sim, mãe, eu sei, estou DOENTE!...
A mente é algo tão forte!
Os enredos, os labirintos,
a rede e a parede...
Preciso de ajuda!

Vem a vozinha:
"_Psiu!
Caluda!!!!"

E enraivecida
"_Ninguém resolve a tua vida!!
Menina crescida jamais estende a mão!!... "

Solta-se a gargalhada:
_Claro que não, palhaço louco
seguro no faz de conta elevado ao limite...!

Esmago-me no muro das incertezas,
certezas raiadas de sangue, esgares da morte.

"_Forte... Sempre foste forte!
Levanta-te e segue!
Levanta-te e vai
…ou então,
simplesmente cai!"

!! Ironia !!

Mãe! Pai! Quem diria?
Chego aqui, vazia, incompleta!
Desvanece-se a meta e o horizonte.
Fico defronte ao quadro bizarro
... e a vida segue...

Qual é o ponto onde agarro
a seiva de mim?

Onde encontro
aquela parte que me escapa e me repele?
A que idade morre o sonho
e a minha loucura?

A noite é escura, o sol morreu!

Olho-me na pele de alguém distante
de alguém diferente...

O grito rasga-me o sonho

Perdoa-me, mãe!
O parto não aconteceu.

Filó (2008)

2 comentários:

Anónimo disse...

Amiga, este teu poema, doi. É muito profundo.Não sei que dizer.(Se quiseres nem publiques isto).
..............................................................Mas é algo que me deixou assim em sobressalto...................Enfim...não sei explicar-me. Só que é mesmo profundo demais.Zézinha Coelho. Bjos.

Filó disse...

Este pode-se dizer que é daqueles que vêm não sei de onde e simplesmente acontecem!
Possivelmente daqueles que vistos de fora podem ter significados diferentes, ou varias interpretações...
... ou nenhuma!
É um pouco daquele meu lado a que chamo "abstracto" onde as palavras por serem de mais se transformam nisto!

Nada de sobressaltos! ;)
Jokinhas
Filó