Hoje deu-me para andar a mexer recordações!
Entre algumas outras fui encontrar um Boletim Informativo de Porto Côvo que data de Dezembro 1995.
Lá, na página 15 um pequeno resumo biográfico da minha pessoa e este poema que dediquei ao meu sogro e que hoje aqui vos deixo:
Entre algumas outras fui encontrar um Boletim Informativo de Porto Côvo que data de Dezembro 1995.
Lá, na página 15 um pequeno resumo biográfico da minha pessoa e este poema que dediquei ao meu sogro e que hoje aqui vos deixo:
Homem do mar
Trabalha desde criança
Na dura vida do mar
Tem no destino confiança
Que sempre o faça voltar
Nasceu sem ser desejado
Cresceu sem grande percalço
Andou seminu e descalço
Muita vezes esfomeado
Foi pelo vento fustigado
Viu tempestade e bonança
Na vida teve esperança
Confiando em sua sorte
No mar desafiando a morte
Trabalha desde criança
As estrelas são o seu guia
Conhece todos os ventos
Já passou mil tormentos
Já conheceu a agonia
O sol e a maresia
Vieram seu corpo queimar
Idade o faz vergar
Rugas sulcaram seu rosto
Mas não abandona seu posto
Na vida dura do mar
Teve pouca instrução
E mal aprendeu a ler
mas é honrado seu viver
Tem Amor o seu coração
Fez da vida uma missão
Quis ser ele a mudança
Deixar a seus filhos a herança
Que ele não pode receber
Por uma melhor vida e saber
Tem no destino confiança
Eu dou-lhe grande valor
Admiro a sua coragem
Faço dele uma imagem
A ele dou o meu louvor
Sempre grande lutador
Seja na terra ou no mar
Quando o vejo embarcar
Na praia rogo com fé
Que o leve boa maré
Que sempre o faça voltar
Filó (1988)
Curiosamente diz ali na pequena biografia que este poema está no livro "Poeta é o Povo" , nº2, colectânea de Poetas Populares do Alentejo e Algarve!
Na verdade não tenho recordação disso, nem nenhum exemplar desse livro! Alguém se esqueceu de me avisar!!!! ?
2 comentários:
Através do teu poema fiquei a conhecer melhor o vizinho "Zé Bemparece", como dizia o meu pai, que era muito seu amigo.
Realmente haviam pessoas muito sofridas.
Tenho alguns livros de poetas populares, mas não tenho esse a que te referes.
Mexer nas velharias é recordar o passado e sem ele não eramos nada.
Bjs.
Cacilda
Exactamente esse nome pelo qual é conhecido ;)
Um dia pediram-me um poema para o dito boletim, e na altura escolhemos este, que tinha tudo a ver.
Vidas duras e talvez por isso também cheias de sabedoria!
Jinho
Filó
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