01/07/09

Homem do mar

Hoje deu-me para andar a mexer recordações!

Entre algumas outras fui encontrar um Boletim Informativo de Porto Côvo que data de Dezembro 1995.
Lá, na página 15 um pequeno resumo biográfico da minha pessoa e este poema que dediquei ao meu sogro e que hoje aqui vos deixo:





Homem do mar


Trabalha desde criança
Na dura vida do mar
Tem no destino confiança
Que sempre o faça voltar


Nasceu sem ser desejado
Cresceu sem grande percalço
Andou seminu e descalço
Muita vezes esfomeado
Foi pelo vento fustigado
Viu tempestade e bonança
Na vida teve esperança
Confiando em sua sorte
No mar desafiando a morte
Trabalha desde criança

As estrelas são o seu guia
Conhece todos os ventos
Já passou mil tormentos
Já conheceu a agonia
O sol e a maresia
Vieram seu corpo queimar
Idade o faz vergar
Rugas sulcaram seu rosto
Mas não abandona seu posto
Na vida dura do mar

Teve pouca instrução
E mal aprendeu a ler
mas é honrado seu viver
Tem Amor o seu coração
Fez da vida uma missão
Quis ser ele a mudança
Deixar a seus filhos a herança
Que ele não pode receber
Por uma melhor vida e saber
Tem no destino confiança

Eu dou-lhe grande valor
Admiro a sua coragem
Faço dele uma imagem
A ele dou o meu louvor
Sempre grande lutador
Seja na terra ou no mar
Quando o vejo embarcar
Na praia rogo com fé
Que o leve boa maré
Que sempre o faça voltar


Filó (1988)


Curiosamente diz ali na pequena biografia que este poema está no livro "Poeta é o Povo" , nº2, colectânea de Poetas Populares do Alentejo e Algarve!
Na verdade não tenho recordação disso, nem nenhum exemplar desse livro! Alguém se esqueceu de me avisar!!!! ?


2 comentários:

Cacilda disse...

Através do teu poema fiquei a conhecer melhor o vizinho "Zé Bemparece", como dizia o meu pai, que era muito seu amigo.
Realmente haviam pessoas muito sofridas.

Tenho alguns livros de poetas populares, mas não tenho esse a que te referes.
Mexer nas velharias é recordar o passado e sem ele não eramos nada.

Bjs.

Cacilda

Filó disse...

Exactamente esse nome pelo qual é conhecido ;)
Um dia pediram-me um poema para o dito boletim, e na altura escolhemos este, que tinha tudo a ver.

Vidas duras e talvez por isso também cheias de sabedoria!

Jinho
Filó