26/05/09

Confesso


Nada a dizer.
As palavras são ocas!
sombras e vento na minha mão...

Desdenho o condão:
não quero escrever e muito menos sentir.
Somente viver e apenas sorrir...

Recuso as palavras que não sabem parar!

Apenas andar o meu caminho
com o sol e o ar na minha pele...

E esperar que Ele,
o Deus que me guia,
devolva a alegria e absorva de mim,
aqui e agora,
o poema em branco que me devora
e me deixa assim odiando as palavras...

Não quero escrever!
Muito menos sentir
o poema a nascer,
a força a surgir
nas minhas entranhas rasgando o normal
devorando o meu espaço...

e este cansaço das palavras já mortas!!...

Fecho-lhe as portas.
Não quero escrever!

A fúria e a fome, a sede sem nome
sair e ficar...
O clarão de me dar...
e a raiva negando...!

Renego as palavras,
assim flutuando,
como um castigo!

Recuso o abrigo
que me fecha e encerra
e vira do avesso!

É loucura! Confesso!
Mas aqui e agora
grito e declamo:

_ ODEIO AS PALAVRAS
TANTO QUANTO AS AMO!!!!

Filó (2008)

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