11/03/09

Neblina

O nevoeiro cobre a cidade.
A mente é abrigo, a mão o abraço e o mar, um rasto de verão distante.

Falarei de mim, falarei de ti ou dos silêncios desta neblina?

Chovem palavras.

No coração da cidade a luz é mais forte:
as feras povoam a periferia.

O sabor das palavras dilui-se em esferas concêntricas.
O eco tornou-se verdade e a verdade escondeu-se algures.

Talvez a cidade acorde...
Talvez a neblina levante...
Talvez o instante esteja para breve
e que breve seja o despertar.

Olho a cidade!
O sol além da neblina.
O coração da cidade bate-me no peito.

Há uma lágrima, um riso, uma flor
Uma mão, um silêncio, uma força fremente
Uma urgência, uma fome... um sonho somente(?!)
um dilúvio arrasando em frases de amor.

Falarei de mim, falarei de ti,
ou dos silêncios desta neblina?

Ai as palavras!!... ...

Ai os silêncios e o vibrar das estações!
Os pequenos tão nadas onde a vida nos foge!

Escreverei um dia frases mais certas?
Saberei um dia o que encerra a saudade?
Irei eu, talvez, um pouco mais longe
dando ás palavras outra liberdade?

... Não sou mais do que ave sobrevoando a cidade
desenhando nos céus sonhos de menina!

Mas talvez...

talvez que poetas nem sejamos nós
e seja esta a voz
desta neblina

Filó (2009)


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