14/03/09

Trevas e Luz


Quantas vezes se sentira assim! Não tinham conta!
As trevas devoravam a pouca lucidez que restava e tudo rodopiava em redor.
Os fantasmas ressuscitavam dos escombros, as garras retorciam-lhe o peito e a noite asfixiava num bafo de vampiros.
Os monstros voltavam e o carrossel não tinha freio...!
Tolhido em si acolheu a cabeça entre as mãos num gesto impensado e quase infantil.
Pior que a Realidade Real, era aquela ali, imposta na sua mente compulsiva, doente!

Sabia que a Luz viria. Quando o cansaço extenuasse, Ela viria!
Mais tarde ou mais cedo Ela apareceria brandamente, num bafejo, roçando-lhe a alma.
Falar-lhe-ia dos Propósitos e das Etapas, do Amor e da Tolerância, das Energias e dos Espaços...
Dar-lhe-ia alento, Esperança... purificaria a noite, trataria as chagas... suavizaria as arestas, iluminaria os vazios dando-lhe novos contornos...
Bastava saber esperar!...

Filó (2006)

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